Tudo se encontra no fluxo do rio

A verde paisagem da serra é cruzada por pequenos rios e riachos que, quando açoitados pelas chuvas fortes, quadriplicam seus volumes transformando-se em caudalosas correntes. Surgem então, em vários lugares, cachoeiras ainda mais espetaculares em todas as variações possíveis. Por vezes a quantidade de água é tão grande que chega a impedir a passagem pelos caminhos do vale. No entanto é nas margens dos rios que, a sempre evocada multiplicidade da natureza com sua alta biodiversidade, mostra a sua plena abundância. É aqui que a natureza se apresenta como uma majestosa jardineira e exímia arquiteta de paisagens. É como se a mãe natureza tivesse escolhido as ramificações dos rios da Serra do Cipó como tema para seu mestrado.
E seguindo uma lei incontestável, ela conseguiu criar em espaços mínimos, tantas espécies de plantas diversas e inconfundíveis quanto possível.

Às margens de alguns rios, as borboletas, os beija-flores e as libélulas encontram um habitat inesgotável. Em seu incansável processo de transformação a natureza enobrece o esplendor dessa paisagem com cores em todos os tons possíveis e imagináveis.
Ao longo de outros rios formaram-se verdadeiras „Selvas“ cheias de cipós e outras espécies exóticas de vegetação. Somente os rios, serenos e sombrios, com suas pedras ancestrais cobertas de musgo, abrem seus caminhos por entre os corredores engolidos pela selva.
Sons curiosos, troncos de árvores em formas bizarras, musgos escuros, grutas que se abrem pelo caminho, a luz intermitente penetrando as pequenas lacunas criadas em meio às densas copas das ávores, tudo isso cria uma cena fantástica em que o viajante subitamente percebe encontrar-se à margem da civilização.